Diário de um newbie no mundo Vocaloid

por Mazaki 89



É difícil dizer quando conheci o conceito de Hatsune Miku ou de Vocaloid, mas certamente foi há muito tempo, por volta de 2009 ou 2010. A Miku e todo o universo musical e de personagens no qual ela está inserida é algo inescapável, pelo menos para uma otaku como eu. Apesar disso eu diria que meu conhecimento sobre o que era vocaloid e outros voice synths era quase nenhum até pelo menos meados de 2023. A essa altura pelo menos as músicas de vocaloid já começavam a soar menos desconhecidas, graças ao elo desse fandom com um fandom no qual eu me insiro: o de vtubers. Hololive em particular tem uma grande atuação na produção de covers de músicas de vocaloid por seus talentos, o que me fez conhecer aos poucos um universo musical diferente e convidativo, ainda que a fonte da coisa passasse desapercebida diante do filtro dos covers entre minha percepção e vocaloid.

Apesar disso esse convívio passivo foi se tornando cada vez mais constantes e, com minha sede sempre insaciável por músicas novas, chegou o ponto logo antes da "queda pela toca do coelho", o ponto de fazer uma playlist apenas com vocaloid (aqui e em toda esta página, leia vocaloid como todo e qualquer voice synth que tenha um funcionamento e tecnologia semelhantes ao software vocaloid/utau/synthv).

Essa playlist ainda era dentro da minha até então zona de conforto, formada em quase tudo de músicas que já conhecia por conta de hololive ou pelas indicações do spotify que o tempo foi agregando (como uma ou duas músicas do produtor PinochioP). Para falar a verdade o sistema que até então tinha elogios do spotify estava sendo insuficiente para realmente demonstrar com clareza o oceano de conteúdo no qual eu estava na beirada mas falhando em perceber.

Mas isso mudou no dia 19 de outubro de 2025.

O Youtube foi o abre-alas de centenas de artistas e centenas de músicas que foram surgindo uma atrás da outra, sem parecer chegar perto de esgotar-se. De um dia para o outro histórias de mais de uma década e meia de artistas independentes, personagens ficcionais criados e alimentados por um fandom apaixonado, tecnologia privada e aberta, expressão pura e sem amarras, tudo isso foi jogado no meu colo, mudando não só completamente minha percepção do que é Vocaloid como também toda a minha relação com a música e o consumo musical imediato.

Talvez essa afirmação seja estranha ou pareça exagerada, mas a verdade é Música é a arte mais relevante na minha vida junto com o desenho. Então não é pouco o impacto que tamanha avalanche musical causou no meu torpor mental daquele dia 19 de outubro em diante. Não, foi uma guinada extrema e fantástica a qual estou ainda navegando com toda a força no momento em que começo a escrever este deslocado diário de viagem.

É isto que essa página é, um diário. O diário anacrônico e ao mesmo tempo cronológico da minha jornada por Vocaloid.

Irei linkar músicas, falar sobre artistas, discursar longamente sobre idéias e sobre personagens e como minha percepção sobre eles foi se construindo ao longo dessa jornada que está em pleno andamento.

Eu não poderia começar sem citar uma das grandes canções que me conquistou naquele primeiro dia.



Birdbrain é uma dessas canções que é muito difícil de ignorar por vários motivos. Seja a sua musicalidade, o uso da voz da Teto que é formidável (especialmente se você ainda tem na cabeça algum preconceito sobre vozes de vocaloid/utau soarem robóticas) ou mesmo pelo clipe muito bem produzido e divertido. É uma música contagiante, com uma personagem patética que nos faz sentir um pouco da vergonha dos nossos momentos birdbrain na vida real. E foi algo que me fez parar por um momento e perceber que havia algo diante de mim que até então tinha ignorado. Um valor. Foi por esse sentimento que eu cliquei no clipe seguinte, e seguinte e seguinte... Naquele dia mesmo eu já tinha algumas dezenas de músicas em uma nova playlist, as coisas irei citar apenas algumas a seguir:



Continua...




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